segunda-feira, 5 de junho de 2023

Os meninos na praia, a linguagem que a vida usa


 



A linguagem da vida é a metáfora, sinais pragmáticos gritando teu nome em meio as horas percorridas.

 As vezes, estou andando na rua e sinto que determinado cenário foi milimétricamente colocado, sinto arrepiar minha pele pela percepção da existência do sagrado e fito os olhos, respiro funto, guardo na memória aquela metáfora. Quando algo me lembra alguém eu ligo, quando me lembra um momento eu recordo, quando me lembra uma música eu escuto, quando me lembra um movimento eu danço e assim me mantenho conectado.


 Hoje, vi dois meninos brincando, correndo na praia com a mãe deles, era fim de tarde, ela estava com uma sacola cheia de latinhas, o mais novo parecia ter em torno de 3 anos e os mais velho uns 6 ou 7 anos, a mãe deles tinha aparencia jovial, tinha uns 30 anos. No mesmo momento, lembrei dos meus pequenos, senti a saudade de quase todos os dias, a falta da presença deles comigo naquele momento, acho que eles me acostumaram mal, todos os dias quando eu chegava do trabalho eles me recebiam com um abraço maravilhoso, eu conversava com a mãe deles sobre alguma demanda, sobre algo do dia dela ou do meu, os meninos faziam alguma tolice, alguém tinha caído, alguém tinha chorado ou não tinha gostado de alguma comida, eu banhava, trocava de roupa e dava comida para os meninos... Mas o mais especial era preparar o sono deles.


 Tenho uma memória, estou na rede, as vezes abraçado com minha avó frente à frente como os primatas filhotes ficam com suas mães, as vezes, quando maior, deitado estendido sobre a rede, com minhas pernas sobre as pernas dela, em estado de embalo, a voz dela canta um rittmo continuo e melancôlico, do tipo que faz carinho na alma com a palavra, o mundo em movimento, tudo em movimento, meus olhos pesam, meu corpo relaxa e vou para outra dimensão, sonhando antes de dormir. Esse mesmo ritual eu fazia com eles, lembro ainda as cantigas mágicas dela, lembro das noites sem sono, ou ainda, das noites em que o fio da pipa brigava com o fio da luz e tudo ficava escuro, ela acendia as velas, contava histórias e iamos dormir mais cedo. Sou grato por todo esse afeto regado quando eu era semente e pezinho do que sou.


 Amanhã, final da tarde vou ver os meus meninos, tenho a missão sagrada de ensinar, guiar e nutrir esses pezinhos de gente, por agora, por hoje, vou sorrir vendo os meninos brincando na praia, aprender com a mãe deles que apesar do trabalho e da vida difícil consegue cuidar e dar lazes pra esses meninos que eu vejo, estão mais seguros na vista dela, acredito muito que lugar da criança é onde o pai e a mãe tá vendo, que essa energia de carinho seja levada pelo vento até os meus meninos, que estão com a mãe deles e que eles estejam brincando também. E que tenham memórias boas da infância deles, como eu tenho da minha.

Autor: Henrique B. Lobato

segunda-feira, 11 de maio de 2020

Me conta da tua janela

Me conta da tua janela

Ando preguiçoso e distraído,
Juntando meus pedaços
Pelos cantos da casa perdidos.
Abro a gaveta
Do armário antigo.

Busco refúgio nas nossas lembranças
Nós momentos bons que vivemos
Que acredito valerem pela eternidade.
Busco os acordes do teu canto suave.

Hoje vi um beija-flor e lembrei Cazuza
Ele deixou alguns poemas em mim
Que deixo voarem soltos como aves.
Migrando para longe do inverno.

Sou um sonhador errante e lúgubre
Viajando distâncias intermináveis
Com meus olhos perdidos
Que não permitem companhia
Que só tem vaga para um...

Mas minhas palavras são generosas
Elas levam você para viajar também.
Nunca partem sozinhas, nunca esquecem
As vidas que vivemos juntos.

No fim, é como o fim de um vinho...
Intenso, suave e etérico.

No fim, a vida nasce novamente
Das cinzas da tua imensidão

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Clipping

Clipping

















http://www.portalcultura.com.br/node/46334

http://www.sesc-pa.com.br/index.php?page=materia&id=367

http://www.sesc-pa.com.br/index.php?page=materia&id=169

http://www.diarioonline.com.br/entretenimento/cultura/noticia-437017-fundacao-cultural-premia-quinze-projetos-paraenses.html

http://g1.globo.com/pa/para/noticia/2015/11/programacao-gratuita-reune-cinema-musica-e-contacao-de-historia-no-sesc.html
https://www.facebook.com/pg/sescboulevard/posts/?ref=page_internal

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https://www.facebook.com/pg/sescboulevard/posts/?ref=page_internal

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https://www.facebook.com/pg/fcpara/posts/?ref=page_internal



http://www.fcp.pa.gov.br/noticias/1723-fcp-divulga-resultado-inicial-da-etapa-de-selecao-ao-edital-premio-expressoes-artisticas


https://www.facebook.com/pg/foxbelem/posts/?ref=page_internal

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quinta-feira, 10 de julho de 2014

Revolução interior


Revolução interior

Hoje o jornal anuncia o fim do mundo.
Os ardores ácidos da vida cotidiana
Transmutam medo e discordância,
Mas se o mundo inteiro vier e findar
Ainda restará a resistência do amor,
Ainda existirá você e me terá dentro de si,
Ainda viverei feliz dentro de ti.
Mesmo que os Maias mandem
Outra carta para a geração futura
Que nem mesmo sabe quem é,
Onde está, o que é vão ou perene.
Mesmo que os homens alvestidos
Me digam que a vida é pura candura
Ou que as mulheres sem vestido
Digam que é errado, que é luxuria.
A resistência do amor já acontece
Pelo milagre divino da luz azul

O amor, acima de tudo, prevalece.

Autor: Henrique B. Lobato
Do livro: Amor embalado na rede

Cantiga alada


Cantiga alada

Vem guardar o tempo comigo.
Vem cantar nossa canção de amigo
Sem despedidas ou saudades
Que não sejam sanadas pelo amor,
O amor sincero, sem mascaras,
Sem jogar com cartas marcadas,
Sem a segurança que engessa
Um amor que deve voar livre enamorado.
O nosso amor foi feito pra pegar sereno,
Foi feito para lançar-se na maré levada,
Feito para escalar montanhas no leito,
Pegar chuva e vento pela rua molhada
E fazer voltas planetárias,
O nosso amor perfeito.
O nosso amor de amigo.

O nosso amor canção, cantado.

Autor: Henrique B. Lobato
Do livro: Amor embalado na rede

Uma manhã sempre nova


Uma manhã sempre nova

Sinto a vontade que evapora
A presença das pessoas.
- não vou embora agora
Só estou seguro perto
Do teu corpo.
Teu manto de girassóis
Que me trás conforto,
 Que me vê suspeito
De parecer quem ama
No nascer de tantos sóis
Sobre a tua cama.
-Vos sois a minha autora,
A tua cesta de flores
Quer dançar comigo
A música que toco na aurora
Quando os raios inundam

O nosso secreto abrigo.

Autor: Henrique B. Lobato
Do livro: Amor embalado na rede 

Amor de catedral


Amor de catedral

Guarde as cátedras aprendidas
Quando a minha palavra transborda
No instante que ela gira, delira, suspira,
Quando ela, em lembrança de si,
Para de sonhar e se enamora.
Guarde os tesouros não perdidos
Que lavramos no momento agora,
Pois só se vive o presente
Se vibrar o amor dentro e fora.
Outros tesouros são afáveis e vãos,
Eles nos abandonam...
Quando os perdemos de vista
Quardá-los é a ilusão do artista
Que não sabe fazer nascimentos.
Só os momentos são presentes do agora
E estes são sempre novos na aurora,
Eles te adotam como sua autora
Se você puder deixá-los para trás

E levá-los a dizer: Até logo mais.

Autor: Henrique B. Lobato
Do livro: Amor embalado na rede